Seu Zé, o Matuto.

Seu Zé, O Matuto.

Seu Zé, antes de ser um nome masculino, diminutivo, carinhoso e familiar, ele aqui representa o respeito e valoriza um importante personagem da cultura brasileira, o habitante do campo, mesmo sendo ele (a) morador da cidade por opção, ou pelo histórico de mudanças nacionais, já que, saindo do centro de qualquer cidade brasileira, ou mesmo dentro dela, todo o resto é campo! Nome amplamente difundido na nossa nação, pela colonização portuguesa e pela herança judaico-cristã, seja ele sertanejo, caipira, caboclo, gaudério, urbano, ou qualquer hibridismos dentre estes e tão comuns por aqui. A sua figura torna-se muito importante na atual conjuntura que vivemos. O Matuto, segundo Seu Aurélio, primo distante do Sérgio que é papai do Chico, é quem vive no mato, na roça, é acanhado, tímido e desconfiado, dado a matutar, experiente e cogitabundo. Finório, sabido e matreiro. Aqui chamo de matuto todos os que intrepidamente matutam, pois creio na habilidade cognitiva que todo sistema vivo tem!

O seu Zé matuto, Brasileiro, de palavra em palavra, sugere e inicia esse escambo de saberes, pitacos e causos.

Vamos falar da nossa cultura, músicas e danças, trejeitos e hábitos, a cachaça, vamos dar pitaco na língua brasileira e na portuguesa também, na politicagem, não a partidária, de esquerda ou de direita, vamos sim é caminhar, há tantas possibilidades! Sem politiquetas! Zombaria do zombeteiro. Vamos falar também da nossa realidade ambiental, a bioregional, a nacional e a mundial, e as possíveis soluções. Ufa!! Será possível? Vamos tentar? Vamos!

Seja muito bem vindo e Participe!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Toada Brasileira

Toada

Cantiga, Canção, Cantilena; Solfa a melodia nos versos para cantar-se.

Renato Almeida (História da música Brasileira; página: 105):Outra forma do romance lírico é a toada, canção breve, em geral em estrofe e refrão, em quadras. Melancólica e sentimental, o seu assunto, não exclusivo, mas preferencial, é o amor, sobretudo na toada cabocla. Toada em si é qualquer cantiga, mas a referência aqui é essa espécie lírica tão comum e às vezes também sobre jocoso ou brejeiro, como essa colhida em engenho de Pernambuco, com acentuada influencia do fado:

Azulão é passo preto,

Rouxinol cor de canela,

Quem tem seu amor defronte

Faz ronda, faz sentinela”.

Oneyda Alvarenga (Música Popular Brasileira, 275-276):

“A toada se espalha mais ou menos por todo o Brasil. Musicalmente não tem caráter definido e inconfundível da moda caipira. Talvez porque, abrangendo várias regiões, a toada reflita as peculiaridades próprias de cada uma delas. Ou talvez porque, em vez de nome de um tipo especial de canção, a palavra toada seja empregada mais ou menos no sentido genérico corrente, na língua (o mesmo de moda) ou como designação de qualquer canto de destinação imediata. De qualquer modo, parece que a toada não tem características fixas que irmanem todas as suas manifestações. O que se poderá dizer para defini-la é apenas o seguinte: com raras exceções, seus textos são curtos – amorosos, líricos, cômicos – e fogem a forma romanceada, sendo formalmente de estrofe e refrão; musicalmente as toadas apresentam características muito variadas; todavia as toadas do Centro e Sul se irmanam pela melódica simples, quase sempre em movimento conjunto, por um ar muito igual da melancólica dolente, que corre por elas e pelo processo comum da entonação de duas vozes em terça”.

Não me foi possível, de minha parte, identificar uma toada, embora sejam ela citadas do RS, SP, CE, AL, etc. Os elementos possivelmente típicos e constantes ocorrem noutros modelos e ficam no quadro geral das modas e modinhas matutas, em quadras, com refrão, algumas conhecidas como chulas. Tendo vivido muitos anos no sertão, só conheço a toada como sinônimo de solfa, da musica, o som e o tom. Como é a toada daquela modinha? É sempre ligada a forma musical e não a disposição poética. Era sim o sentido clássico do vocábulo. ”Pregador dos que tomam as palavras das escrituras pelas toadas e não o verdadeiro sentido”, exclama o Padre Antonio Vieira. Toada é qualquer cantiga, dizemos no sertão. João Ribas da Costa (Canoeiros Do Rio Santa Maria, 60, Rio de Janeiro, 1951) registra: “Canto de qualquer gênero – Toada”. O cangaceiro Boca Rasgada a quem perguntei se cantava a cantiga oficial de Lampião, É lamp, é lamp, é lamp, respondeu: “Me lembro só da toada!” É assunto para ser fixado pelos musicólogos.

Dicionário do Folclore Brasileiro, 755, Luis da Camara Cascudo.

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