Toada
Cantiga, Canção, Cantilena; Solfa a melodia nos versos para cantar-se.
Quem tem seu amor defronte
Faz ronda, faz sentinela”.
Oneyda Alvarenga (Música Popular Brasileira, 275-276):
“A toada se espalha mais ou menos por todo o Brasil. Musicalmente não tem caráter definido e inconfundível da moda caipira. Talvez porque, abrangendo várias regiões, a toada reflita as peculiaridades próprias de cada uma delas. Ou talvez porque, em vez de nome de um tipo especial de canção, a palavra toada seja empregada mais ou menos no sentido genérico corrente, na língua (o mesmo de moda) ou como designação de qualquer canto de destinação imediata. De qualquer modo, parece que a toada não tem características fixas que irmanem todas as suas manifestações. O que se poderá dizer para defini-la é apenas o seguinte: com raras exceções, seus textos são curtos – amorosos, líricos, cômicos – e fogem a forma romanceada, sendo formalmente de estrofe e refrão; musicalmente as toadas apresentam características muito variadas; todavia as toadas do Centro e Sul se irmanam pela melódica simples, quase sempre em movimento conjunto, por um ar muito igual da melancólica dolente, que corre por elas e pelo processo comum da entonação de duas vozes em terça”.
Não me foi possível, de minha parte, identificar uma toada, embora sejam ela citadas do RS, SP, CE, AL, etc. Os elementos possivelmente típicos e constantes ocorrem noutros modelos e ficam no quadro geral das modas e modinhas matutas, em quadras, com refrão, algumas conhecidas como chulas. Tendo vivido muitos anos no sertão, só conheço a toada como sinônimo de solfa, da musica, o som e o tom. Como é a toada daquela modinha? É sempre ligada a forma musical e não a disposição poética. Era sim o sentido clássico do vocábulo. ”Pregador dos que tomam as palavras das escrituras pelas toadas e não o verdadeiro sentido”, exclama o Padre Antonio Vieira. Toada é qualquer cantiga, dizemos no sertão. João Ribas da Costa (Canoeiros Do Rio Santa Maria, 60, Rio de Janeiro, 1951) registra: “Canto de qualquer gênero – Toada”. O cangaceiro Boca Rasgada a quem perguntei se cantava a cantiga oficial de Lampião, É lamp, é lamp, é lamp, respondeu: “Me lembro só da toada!” É assunto para ser fixado pelos musicólogos.
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