O mais antigo instrumento do cantador sertanejo devia ter sido a viola. Foi o primeiro instrumento de cordas que o português divulgou no Brasil. O século do povoamento, o XVI, foi a época do esplendor da viola em Portugal, indispensável nas romarias, arraiais e bailaricos, documentado em Gil Vicente e nos cancioneiros. Os padres catequistas ensinam os curumins a tangê-la. Era um dos instrumentos preferidos pela sua sonoridade, recursos e relativa facilidade de manejo. Instrumento de cordas dedilhadas, cinco ou seis, duplas, metálicas. É verdadeiramente o grande instrumento da cantoria sertaneja. Violeiro é sinônimo de cantador. Cada violeiro vitorioso amarrava uma fita nas cravelhas do instrumento depois de cada vitória nos desafios. Era um emblema de glória e ele narrava, pela ação de presença, a história dos embates ilustres. Cada cantador de outrora dizia, sem vacilar, a origem de cada fita que voava desbotada e triste, amarada na viola encardida. Uma viola assim enfeitada era o sonho de todos os bardos analfabetos. As violas enfeitadas eram troféus, consagrados e invejados. O padre Fernão Cardim cita-a abundantemente no Brasil. A orquestra típica das festas jesuíticas era a viola, o pandeiro, o tamboril e a flauta. Animador dos bailes populares em todos os quadrantes brasileiros. Recebendo da Espanha o violão, como a viola vulgarizada pelos mouros, o português denominou-a no aumentativo de viola, o instrumento-rei. O português levou-a a todas regiões coloniais, integrando-a na cultural local, até na Polinésia. Dá nascimentos a vários formatos e nomes, mas a fonte é indiscutível e legitima. Pelo sul e centro do Brasil mantém seu domínio soberano. Queluz (Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais). Possuiu quinze fábricas de viola. Quase todos os autos e bailes do sul e Centro do Brasil, Rio grande do sul e Rio de Janeiro, obrigam a viola.
O texto acima é uma mescla extraída em partes de dois livros do autor potiguar Luis da Câmara Cascudo, o primeiro é o livro Dicionário do Folclore Brasileiro, pag. 791. Ed Itatiaia. O segundo, Vaqueiros e Cantadores, pag. 192-193, que foi editado pela Editora Global.
Em Breve mais um texto sobre os diversos tipos e nomes de violas e suas diversas afinações regionais Brasil adentro e Brasil afora.
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